A mãe andava com a cabeça das nuvens. Mil preocupações a desviavam de qualquer atenção, de qualquer coisa que acontecesse na rua. Contava com a sorte para não bater a cabeça em uma placa ou tropicar na calçada. Contas, marido, estudos, trabalho, estresse, filha... filha!
A pequerrucha estava lá, de mãos dadas, dando três passos a cada passo da mãe. Suava para acompanhar o mesmo ritmo adulto de andar.
De repente, a filha para.
- Que foi, Mariana?
- Olha! Flores!
- Onde?
Por cima do muro, belas flores rosas invadiam a rua.
- Eu não alcanço.
Era trágico para a criança. Como flores tão bonitas podem estar tão inacessíveis?
- Deixa filha, precisamos ir.
- Mas... mas...
Aquilo doeu o coração da filha, que foi invadido por uma grande agonia. Fez exatamente o mesmo olhar que mãe fazia há pouco, quando estava com a cabeça atolada de problemas. Aquele era o grande problema para filha, que a atormentava da mesma forma que os problemas de adultos atormentavam a mãe.
- Peraí.
Ergueu a criança para que conseguisse pegar a flor.
- Peguei!
Colocou a filha no chão, que pôde, assim, seguir adiante, com o coração mais aliviado.
3 comentários:
Bonita cr~inca cheia de poesia, afinal, tenho notado,sua prosa é poética!
abraços!
crônica*
Quem dera se todos os problemas do mundo se resolvessem assim, ou se todos os que tem "problemas" se preocupassem com coisas simples, coisas que realmente importam!
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