terça-feira, 13 de maio de 2008

Grafite 0.5 megapixels

Ela não ligava se estavam olhando para ela. Aliás, ela nem percebia que não estava ligando para isso. Era natural. Simples. Dela.

Aguardava sentada o seu café, alguém o traria. Seus cabelos eram curtos, divididos ao meio, e ruivos, daqueles bem ruivos, e sua pele era branca, mas sem sardas, o que deixava qualquer um em dúvida se isso a fazia mais ou menos bonita. Sempre que a sua companhia a olhava com olhar de “já te levo o café” ela abria um belo sorriso, de dentes brancos e que não enrugava, nem milimetricamente, seu rosto. Uma obra de arte.

O café, enfim, chegara. Um sorriso encabulado agradecia o favor do companheiro. Deu um primeiro gole, passou timidamente a língua nos lábios e, com um outro sorriso, aprovava a bebida.

Mais um gole para garantir o bom açúcar, canela, baunilha e afins, e levantou-se, acompanhada de seu amigo. Foram para fora, aproveitar o raro sol desses últimos dias frios.

Não me viu. Não viu ninguém. Mas todos a viram, acho. Eu a vi. E a única coisa que conseguir fazer, me senti obrigado a fazer na verdade, era registrar, como uma fotografia, aquele momento. Uma foto de celular não passaria nem meio por cento do que realmente foi.

Sem máquina fotográfica, fiz uso do que tinha em mãos e mente: um bloco de papel, uma lapiseira 0.5 e, espero eu, as palavras certas.

Um comentário:

Anômima disse...
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